No início do século XVII, a Europa conheceu a arquitetura barroca. Sua principal característica era tentar emocionar e impressionar com o exagero no tamanho das obras e no uso de elementos decorativos. O Barroco coincidiu com o período da Contra-Reforma da Igreja Católica, que buscava barrar o crescimento do protestantismo, e acabou sendo usado pela instituição com a finalidade de impressionar as pessoas e resgatar fiéis.
O Barroco coincidiu também com o período do absolutismo e, aos poucos, os chateaus foram dando lugar a palácios, prédios propositadamente largos que serviam como símbolos do poder e da riqueza do monarca. Eram construídos com uma área central em destaque e eliminaram as torres “camufladas” dos chateaus. Todo palácio também tinha que ter um gigantesco jardim, que deveria ser o mais elaborado possível, com canais artificiais, fontes, estátuas e uma grande diversidade de flora e fauna.
terça-feira, 10 de julho de 2012
Arquitetura - O Barroco e o Iluminismo
O eixo central dos jardins de Versalhes é o Grand Canal, de 1,7 km de comprimento, que foi elaborado para refletir o sol poente. Ao seu redor ficam plantações, canteiros, alamedas e lagos, isso sem falar das fontes (aproximadamente 1.400, incluindo uma espetacular, onde uma carruagem puxada por um cavalo carrega um Apolo triunfante), outra referência à glória do Rei Sol.
Para diminuir a formalidade, construções diferentes chamadas "follies" ficam espalhadas aqui e ali, assim como uma alameda onde os cortesãos dançavam durante o verão entre jardins de pedra, conchas e luzes decorativas. Estátuas de mármore e bronze eram colocadas pelo caminho e no meio da folhagem. Certa vez, 3.000 árvores do Laranjal conseguiram sobreviver ao inverno rigoroso.
A arquitetura barroca é caracterizada pela complexidade na construção do espaço e pela busca de efeitos impactantes e teatrais, uma preferência por plantas axiais ou centralizadas, pelo uso de contrastes entre cheios e vazios, entre formas convexas e côncavas, pela exploração de efeitos dramáticos de luz e sombra, e pela integração entre a arquitetura e a pintura, a escultura e as artes decorativas em geral. O exemplo precursor da arquitetura barroca geralmente é apontado na Igreja de Jesus em Roma, cujo projeto foi de Giacomo Vignola e a fachada e a cúpula de Giacomo della Porta. Vignola partiu de modelos clássicos estabelecidos pelo Renascimento, que por sua vez se inspiraram na tradição arquitetônica da Grécia e da Roma antigas. As diferenças introduzidas por ele foram a supressão do transepto, a ênfase na axialidade e o encurtamento da nave, e procurou obter uma acústica interna eficaz. A fachada se tornou um modelo para as gerações futuras de igrejas jesuítas, com pilastras duplas sustentando um frontão no primeiro nível, e um outro frontão, maior, coroando toda a composição. O interior era originalmente despojado, e seu aspecto atual é resultado de decorações no final do século XVII, destacando-se um grande painel pintado no teto com o recurso da arquitetura ilusionística.
Vignola e Della Porta: Igreja de Jesus, Roma
Aleijadinho e o Barroco no Brasil
O Barroco foi trazido ao Brasil pelos jesuítas (padres brasileiros que representavam a Contra-Reforma) e diversas igrejas foram construídas pelo País seguindo esse estilo. Seu auge foi durante o ciclo do ouro — quando o Barroco já começava a entrar em declínio na Europa. Foi nesse período que o Brasil conheceu seu primeiro grande arquiteto: Antônio Francisco Liboa, o Aleijadinho. Suas construções do final do século XVIII nas cidades históricas de Minas são consideradas as mais importantes do período.
Aleijadinho atuou como arquiteto, mas a extensão e natureza desta atividade são bastante controversas. Só sobrevive documentação relativa ao projeto de duas fachadas de igrejas, Nossa Senhora do Carmo em Ouro Preto e São Francisco de Assis em São João del-Rei, ambas iniciadas em 1776, mas cujos riscos foram alterados na década de 1770. A tradição oral sustenta que ele foi autor também do risco da Igreja de São Francisco de Assis em Ouro Preto, mas a respeito dela só é documentada sua participação como decorador, criando e executando retábulos, púlpitos, portada e um lavabo.
Era do Iluminismo (ou simplesmente Iluminismo ou Era da Razão) foi um movimento cultural de elite de intelectuais do século XVIII na Europa, que procurou mobilizar o poder da razão, a fim de reformar a sociedade e o conhecimento prévio. Promoveu o intercâmbio intelectual e foi contra a intolerância e os abusos da Igreja e do Estado.
No fim do século XVIII e início do XIX, a Europa assistiu a um grande avanço tecnológico, resultado direto dos primeiros momentos da Revolução Industrial e da cultura iluminista. Foram descobertas novas possibilidades construtivas e estruturais, de forma que os antigos materiais (como a pedra e a madeira) passaram a ser substituídos gradativamente pelo concreto (betão) (e mais tarde pelo concreto armado) e pelo metal. Paralelamente, profundamente influenciados pelo contexto cultural do Iluminismo europeu, os arquitetos do século XVIII passaram a rejeitar a religiosidade intensa da estética anterior e o exagero luxuriante do barroco. Buscava-se uma síntese espacial e formal mais racional e objetiva, mas ainda não se tinha uma idéia clara de como aplicar as novas tecnologias em uma nova arquitetura. Inseridos no contexto do neoclassicismo nas artes, aqueles arquitetos viram na clássica a arquitetura ideal para os novos tempos.
Petit Trianon, Versailles, 1762-68. Jacques-Ange Gabriel.
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